Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?
Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.
Já sei a eternidade: é puro orgasmo.
Carlos Drummond de Andrade
( fragmento da poesia "Mimosa boca errante" )
2 comentários:
o erotismo de Drummond e o tesão de Helô,
essa combinação perfeita faz surgir um post delicioso assim.
Na boca ele desfalece
após que a língua arisca
sacana se apetece
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