Plural e Desigual

Nos importamos tanto com opiniões, que esquecemos dos nossos instintos. Temos que sentir mais e explicar menos. Estamos preocupados a todo instante que reconheçam as nossas boas intenções, mas por muitos somos incompreendidos.Carregamos culpas pelos nossos melhores e mais livres pensamentos, e pedimos desculpas por involuntários sentimentos. Não deixamos, por pudor, que algumas sensações de prazer renovem e reinventem nosso amor. Deixamos de aceitar o razoável por força do imponderável. Absurdos estão aí pra provar. Estamos aqui nesse mundo, jogando e apostando, perdendo e ganhando, mas continuamos sem saber o dia de amanhã. Temos que dar conta do agora, mesmo com teorias equivocadas e pouco satisfatórias. É simples assim, mas complicado e insuficiente pra aqueles que ainda procuram verdades. Verdades que nem sempre são absolutas. Contamos as horas para os grandes acontecimentos, mas já nos esquecemos dos nossos melhores momentos. Criticamos amigos ou desconhecidos, mas nos tornamos reféns dos nossos próprios medos. O medo de ser também igual ou pior. Admitir que somos plurais, é perigoso. Compartilhar um coração com vários amores, é leviano. Tentar explicitar meus sentimentos com palavras ou ações é a confirmação de que o meu mundo pode e deve ser diferente do seu. Somos irmãos em matéria, mas incontestavelmente, únicos e divergentes em pensamentos. Permito-me a vários devaneios. Repenso, e faço questão de dizer: "que não estou com pressa de chegar a lugar nenhum" ... sem antes andar na contra-mão, percorrer caminhos que me desafiam, escolher cruzamentos e desvios mesmo sem saber aonde podem me levar. Não procuro verdades. Apenas sonho. Invento respostas e finjo acreditar. Sou várias fontes de vida num mesmo ser. Sou a sutileza do entardecer com a combustão do amanhecer. Sou simples. Sou única. Disponho-me somente em ser.

Glória Müller/2009
(minha irmã)