A Gota...

A gota ainda percorria a pele daquela mulher diante de sua janela. De vez em quando desviava o olhar de algum ponto onde se via distante e percorria os lençóis desalinhados em sua cama ainda aquecida de prazer. Olhava os rastros do amante q a deixara ainda quando madrugada. Olhava cada pegada moldada na terra ainda úmida, como se ao olhá-las refizesse todo o caminho q havia percorrido dentro de si mesma. Quantos labirintos tornavam-se iluminados, quando, em abraços se sentia penetrada em toda a extensão de sua densa floresta encantada. Sonhos q sonhara quando ainda era criança, mas q nunca se atrevera a contar. E, no entanto, no corpo daquele homem permitia-se devassar sem culpas e sem segredos. Em seu útero tantas descobertas inconclusas. Quantos pássaros bebiam em sua fonte, banhando-se alegres em ondas de um prazer q sempre se mostrava surpreendentemente novo e nunca igual. Quantos homens ainda iriam debruçar-se dentro dela, para q se sentisse plena e bela, renascida em seu útero de fêmea sempre pronta a embriagar de vida os pobres e sedentos animais...

Américo Mattos